sexta-feira, 18 de maio de 2007

Cronica de um ser humano abismal

Olá, o meu nome é 312 RF (registo feminino), sou natural de Coimbra, arredores de Lisboa e venho do ano de 2100.

Sou cientista, estudei na Universidade Europeia de Grenoble nos Estados Unidos da Europa, desenvolvi uma máquina do tempo e resolvi visitar o ano de 2007, quando o meu Estado era um pais.

Para meu espanto, quando me teletransportei, estava em Coimbra, subúrbios de Lisboa, e acordei ao pé de uma árvore junto a um canal de água identificado como Mondego, deparei-me com um barulho estranho, daqueles que só se ouve nos museus de historia natural, eram pássaros vivos e de boa saúde. Levantei-me e dirigi-me à minha comuna, que ainda não existia, no seu lugar apenas uma vasta extensão de pinheiros e algum lixo, nunca tinha sentido o cheiro de arvores vivas e a àgua, estava ali, até apetecia beber de tão pura e fresca que estava, ela existia mesmo.

Uma senhora, que por ali passava olhou-me com certo repudio, perguntou-me se estavam a filmar alguma novela na zona, eu disse que não e que vinha do futuro, ao que ela ripostou com ferocidade “Ah, esta miudagem de agora está a precisar de um puxão de orelhas, oh menina diga-me, anda um pai a criar uma filha para isso, deixe a droga”

Muito admirada continuei o meu percurso, até que cheguei a uma zona densamente populada, as pessoas caminhavam pelas ruas desordenadamente, os prédios muito antigos, pelo menos da minha perspectiva, ainda tinham janelas e portas analógicas as montras das lojas são feitas de vidro e não há controle de cidadãos nas entradas dos quarteirões, toda gente comunica através de utensílios primitivos ou então verbalmente e a menos de 5m. As pessoas pareciam reparar em mim e dirigiam-me um olhar curioso e com algum escárnio.

Tentei encontrar uma entrada de transporte rápido para o centro da cidade, não encontrei nada, dirigi-me a um senhor que estava dentro de uma cabana a vender aglomerados de papel, com várias imagens e devidamente compilados e separados por temas. Para meu espanto, o senhor fumava um cigarro livremente sem ser admoestado por entidades de fiscalização e manutenção da paz comunitária (EFMPC). Perguntei-lhe onde ficava a cápsula para o Chiado, ele respondeu:

-Oh menina, isso veio em que jornal, é que eu não tou a ver.

-JORNAL, não, eu quero ir ao Chiado, não está a entender!

-Oh minha menina, eu não tenho tempo para estas brincadeiras, eu estou a trabalhar, se vai comprar uma revista ou um jornal diga o que quer, se quer bilhetes de autocarro ou comboio para Lisboa, diga de uma vez porque também temos.

-Ok, dê-me um para Lisboa, do mais rápido.

Ele deu-me um bocado de papel onde tinha escrito ALFA PENDULAR 13h.

Eu entreguei uma nota de 500€ e vim-me embora, ao que ele respondeu

-OI OI…oh minha princesa, que é isto, 500€ já disse que não tou para brincadeiras, se isto é falso chamo já a policia,

e ao dizer isto apontou uma luz roxa para a nota e ficou a olhar para mim com ar de incredibilidade.

-Eu disse, pode ficar com o troco,

Vim-me embora e ainda ouvia o homem aos gritos de alegria, talvez tenha sido a sua primeira cliente do dia, apesar de já ser tarde, um painel rústico e mal emaranhado erguia-se na fachada de um prédio e deixava ver “12h:25”.

Com algumas orientações que fui recebendo, dirigi-me aquilo que chamavam de estação de comboios, a comuna estava muito diferente daquilo que eu conhecia, alem de existir muita vida biológica (animais e plantas vivos) e os edifícios serem iguais aos dos museus, chamavam aquele sitio cidade, ao alto conseguia ver vários edifícios muito antigos a que apontavam chamando universidade, é de facto louvável ver ao vivo o que eu apenas conhecia de fotografia, incrível como aquilo ali estava, estas pessoas nem imaginavam o que lhes estava para acontecer.

Cheguei à estação…….

To be continued